Cibersegurança

O impacto das CyberOps na NIS 2.0

  • Outubro 31, 2024

A implicação das Cyber Operations (CyberOps) na operacionalização e manutenção do cumprimento com a NIS 2.0 (Diretiva de Segurança de Redes e Sistemas de Informação) é profunda, alinhada e imperiosa, para garantir que as instituições publico/privadas cumprem com os exigentes controlos de Cibersegurança aplicadas por esta diretiva.

As CyberOps possuem um papel fundamental e essencial no fortalecimento das capacidades de proteção, monitorização, deteção, resposta e recuperação contra ciberameaças, os quais são as ações pilares principais da NIS 2.0. As CyberOps não apenas executam as práticas e processos exigidos pela NIS 2.0, como também apoiam a alterar culturalmente, a forma como a diretiva é implementada nas instituições.

Os seguintes pontos descrevem o impacto direto das CyberOps na eficácia e na conformidade com a NIS 2.0.

Operacionalizar os requisitos da NIS 2.0

As CyberOps desempenham um papel fundamental na operacionalização prática dos requisitos funcionais, técnicos, processuais, procedimentais e organizacionais estabelecidos pela NIS 2.0. Como a diretiva exige que as instituições tomem medidas concretas para monitorizar e proteger as redes e sistemas, complementado com a aplicação de mecanismos técnicos, políticas, processos e procedimentos, será através da equipa de CyberOps que estas medidas serão operacionalizadas, assentes nos seguintes principais pilares:

 

Monitorização contínua da segurança da infraestrutura

Monitorização contínua da segurança da infraestrutura

As equipas de CyberOps possuem como uma das principais responsabilidades, a implementação de soluções de monitorização como o SIEM, para garantir a visibilidade interna em tempo real da segurança da infraestrutura com base na correlação de um conjunto de fontes, orquestrada através do SOAR e com proteção acionável (através do XDR/MDR) com base na identificação de IoCs, IoAs. Complementado com esta capacidade, operacionaliza plataformas que permitem a análise do comportamento e categorização da ameaça de acordo com uma determinada taxonomia, de ações executadas por grupos de hackers, de forma a melhorar a inteligência contra ameaças e operações/arquiteturas de segurança. Estas capacidades são fundamentais para detetar e responder a incidentes em tempo real, cumprindo com o requisito da NIS 2.0, no sentido de dotar a instituição com uma resposta rápida a ciber ameaças.


SIEM – Security Information and Event Management
SOAR – Security Orchestration, Automation, and Response
XDR – Extended Detection and Response
MDR – Managed Detection and Response
IoCs – Indicators of compromise
IoAs – Indicators of Attack

Gestão de incidentes

Gestão de incidentes

A equipa de CyberOps também gere processos de resposta a incidentes e garante o ciclo de vida do incidente assente numa plataforma integrada com SIEM e fontes externas (Mitre Att&ck, MISP, TheHive, Maltego, …) permitindo que os incidentes de segurança sejam devidamente investigados, mitigados e reportados dentro dos prazos estabelecidos pela NIS 2.0. Isto inclui a necessidade em possuir equipas internas ou externas CERT ou CSIRT para gerir crises e riscos de Cibersegurança.


CERT – Computer Emergency Response Team
CSIRT – Computer Security Incident Response Team


Garantir o cumprimento, compliance e report de Incidentes de Segurança

O cumprimento e compliance com a NIS 2.0, exige que as instituições reportem incidentes de segurança às autoridades competentes de cada país, onde as equipas de CyberOps contribuem diretamente para este processo, nomeadamente em:

 

Notificação de incidentes

Notificação de incidentes

As equipas de CyberOps garantem que as ferramentas de monitorização e os processos de auditoria estejam alinhados com os controlos estabelecidos na Diretiva, para identificar incidentes com impacto significativo e entregar relatórios dentro do prazo (entre 24 e 72 horas), conforme exigido pela NIS 2.0, esta situação obriga a coleta de informação precisa sobre o vetor de ataque, a identificar a sua criticidade e a adotar medidas de mitigação adequadas ao incidente.

Security Assessment e conformidade contínua

Security Assessment e conformidade contínua

Para garantir o compliance continuo e assertivo, a equipa de CyberOps está continuamente atualizada, face a alterações na regulamentação, controlos e requisitos da NIS 2.0. Isto inclui a execução de Security Assessments regulares ao sistema de informação e a manutenção de registos detalhados dos incidentes, políticas e ações de mitigação.


Gerir os riscos e operacionalizar Testes de Segurança Ofensivos

A NIS 2.0 garante uma aproximação baseada na gestão de riscos e ciber-resiliência (na qual deve estar assente na NIST Cybersecurity Framework), onde as equipas de CyberOps são fundamentais para avaliar e mitigar estes riscos, através da:

 

Análise de vulnerabilidades

Análise de vulnerabilidades

As CyberOps conduzem regularmente pentests (testes de intrusão) e análises de segurança para identificar vulnerabilidades e falhas de configurações nos sistemas críticos e garantir que estas falhas sejam corrigidas de forma eficaz. Assim, é garantido que a gestão de vulnerabilidades é executada num modelo robusto e cíclico, no sentido de garantir o ciclo de vida da vulnerabilidade de acordo com o CVSS (avaliação da criticidade, vetores de ataque, permitindo avaliar a severidade considerando diferentes cenários), EPSS (Exploit Prediction Scoring System) e de acordo com o Cyber Asset Attack Surface Management (CAASM), no qual combina padrões da indústria com conhecimento específico sobre vulnerabilidades, ativos e ameaças que estão alinhadas à instituição.


CVSS – Common Vulnerability Scoring System

Mitigação de riscos

Mitigação de riscos

Com base nas avaliações de risco, as equipas de CyberOps desenvolvem planos de mitigação que podem incluir controlos de segurança avançados, como segmentação e segregação da rede e sistemas, utilização de criptografia, autenticação MFA, IAM/PAM, IA & ML aplicado à análise de comportamentos desde o tráfego de rede até aos utilizadores, ZTA, gestão de atualizações, hardening de segurança em sistemas IT & OT, entre outros. Isto é parte da ciber-resiliência que a NIS 2.0 exige, estando a caminhar para a aplicação de um sistema de Law Enforcement (tema ainda muito embrionário em Portugal, mas que se exige pela resposta ou ação de uma capacidade aplicada ao nível da cyber investigation / forensics, cyber infrastructure protection, cyber intrusion, etc).


MFA – Multi-factor Authentication
IAM/PAM – Identity and Access Management/Privileged Access Management
IA & ML – Inteligência Artificial & Machine Learning
ZTA – Zero Trust Architecture
IT & OT – Information Technology & Operational Technology


Proteger contra Ciberameaças

Um dos grandes impactos das CyberOps é a capacidade em recolher, investigar e mitigar vetores de ataque avançados, que visam infraestruturas críticas, através da execução de ações que garantam:

 

Defesa contra APTs

Defesa contra APTs

A NIS 2.0 exige que as organizações estejam preparadas para lidar com Ameaças Persistentes Avançadas (APTs). A CyberOps desempenha um papel crucial na defesa contra estas ameaças, implementando estratégias de Threat Hunting e Threat Intelligence, fazendo uso da inteligência de ameaças e seus atores, para antecipar ataques e prevenir possíveis incidentes, através de análise em profundidade de TTPs (Tactics, Techniques, and Procedures).

Resposta a ataques direcionados

Resposta a ataques direcionados

Quando ocorre um ciberataque significativo, a resposta rápida e eficiente da equipa de CyberOps pode minimizar o impacto e garantir que a instituição retorne de forma célere à operação normal, reduzindo o tempo de inatividade e a exposição a ameaças.

 


Orquestrar e melhorar processos de Cibersegurança

As operações das equipas de CyberOps, também têm impacto direto na melhoria contínua dos processos de Cibersegurança exigidos pela NIS 2.0, fazendo uso da orquestração e tecnologias com IA e ML embebidas nos seus processos, através da:

 

Orquestração de tarefas repetitivas

Orquestração de tarefas repetitivas

A orquestração de processos de segurança, como gestão de patches, resposta a incidentes de baixa complexidade e análise de logs, ajuda as equipas de CyberOps a focarem-se nas ameaças mais complexas e ameaças avançadas, garantindo que a conformidade com a NIS 2.0 seja mais eficiente.

Evolução das capacidades defensivas

Evolução das capacidades defensivas

A CyberOps é fundamental para a modernização contínua da ciberdefesa de uma organização. À medida que novas ameaças e vulnerabilidades surgem, esta equipa é responsável por implementar novas tecnologias, metodologias e processos de segurança.


Colaborar e partilhar informação sobre Ciberameaças

A NIS 2.0 estimula a colaboração além-fronteiras e à partilha de informação sobre ciberameaças e atores maliciosos. Neste contexto, esta área facilita esta cooperação, através da:

 

CERTs & CSIRTs Networks

CERTs & CSIRTs Networks

A CyberOps trabalha diretamente com CERTs nacionais e internacionais, para partilhar informação sobre incidentes, atores com os respetivos modelos de ameaças emergentes e vulnerabilidades recém-descobertas. Isto fortalece a resiliência coletiva contra ciberameaças, que é um dos principais objetivos da NIS 2.0.


CERTs – Computer Emergency Response Team

Participação em networks de inteligência

Participação em networks de inteligência

A CyberOps também se alinha com comunidades de inteligência de ameaças (como ISACs – Information Sharing and Analysis Centers), para obter insights sobre tendências de ataques e garantir que as melhores práticas são partilhadas entre diferentes setores críticos.


Treinar e desenvolver competências em Cibersegurança

Outro impacto importante da CyberOps na NIS 2.0 é o desenvolvimento de competências em Cibersegurança:

 

Capacitação contínua

Capacitação contínua

As CyberOps são responsáveis por manter as equipas com treino atualizado sobre as mais recentes ameaças, metodologias e tecnologias de defesa, garantindo que estão sempre preparadas para enfrentar novos desafios.

Testes e simulacros de incidentes

Testes e simulacros de incidentes

A NIS 2.0 incentiva que as organizações realizem testes de segurança regulares e exercícios de resposta a incidentes. As CyberOps executam estes testes, como simulacros de ataques e exercícios de "red teaming", para avaliar e fortalecer a prontidão em Cibersegurança.

Desta forma e com base nos pontos sumariamente descritos, o impacto da CyberOps na conformidade com a NIS 2.0 é amplo e significativo. As operações de Cibersegurança são responsáveis por implementar os requisitos técnicos e organizacionais da diretiva, gerir riscos e vulnerabilidades, responder a incidentes de forma eficaz e garantir a colaboração internacional em matéria de Cibersegurança. As CyberOps são, portanto, um pilar essencial para que as organizações possam atender às exigências da NIS 2.0, fortalecendo a sua ciber-resiliência e a sua capacidade em enfrentar ameaças num cenário digital cada vez mais complexo.

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Cláudio Silva Alves
Cybersecurity Operations Partner da PwC Portugal

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