O relatório do CNCS indica que a atividade maliciosa no ciberespaço de interesse nacional em 2023 foi “intensa e com efeitos negativos em serviços e infraestruturas digitais”, apesar do número de incidentes ter diminuído face a 2022. O ransomware foi a ciberameaça mais relevante, sobretudo pelo impacto que teve nas instituições locais. As estimativas sobre o custo financeiro dos incidentes cibernéticos variam consoante as fontes e metodologias utilizadas, tornando-se difícil quantificar o seu impacto a nível global ou nacional. "É necessária uma abordagem abrangente baseada em dados para medir e mitigar os custos económicos", nota uma análise recente do Banco Mundial[1]. A Comissão Europeia aponta para um impacto mundial na ordem dos €5.5 biliões [trillion] anuais[2].
Em outubro, a Agência para a Modernização Administrativa (AMA) foi alvo de um ataque de ransomware[3] que paralisou plataformas e serviços públicos durante vários dias. Na mesma altura, a Autoridade Tributária confirmou que pelo menos nove mil credenciais foram extraídas do Portal das Finanças e divulgadas na internet durante o verão, aconselhando os cidadãos a alterar as passwords de acesso à plataforma pública.
Segundo o Centro Nacional de Cibersegurança, o leak da AT “não está relacionado com o incidente” registado na AMA[4]. “O leak em causa, constituído por grupos de credenciais expostas, resulta de atividade criminosa com recurso a infostealers e instrumentos semelhantes”, explica o CNCS em nota enviada à imprensa, sublinhando que a publicação deste tipo de dados pessoas “é algo que ocorre com alguma regularidade”.
Já “existem grupos nacionais mais ou menos organizados que praticaram este tipo de criminalidade”, sublinha o CNCS no relatório “Cibersegurança em Portugal: Riscos e Conflitos 2024”[5], publicado em julho. Além disso, os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente contribuíram para um aumento de ataques por parte de agentes estatais e cibercriminosos com motivações político-ideológicas (hacktivistas). “Enquanto os atores estatais atuam com uma maior complexidade tecnológica e menor visibilidade, os hacktivistas seguem uma lógica inversa”, analisa o relatório.
“Há ataques provenientes de atores estatais que têm por objetivo a soberania de Portugal“ e “a recolha de informação confidencial”, avisou em dezembro o diretor dos Serviços de Informações de Segurança (SIS), Adélio Neiva da Cruz[6]. A utilização crescente da Inteligência Artificial (IA) para este tipo de crimes torna o contexto atual ainda mais complexo.
Segundo o relatório do CNCS acima mencionado, “a percentagem de organismos da Administração Pública com uma estratégia para a segurança da informação definida aumentou de 59% em 2022 para 67% em 2023”. No entanto, como revelam os resultados do estudo mais recente da PwC, 2025 Global Digital Trust Insights, as organizações ainda não têm estratégias transversais para se protegerem eficazmente dos principais ciberataques.
O ciberespaço português vai enfrentar seis ameaças principais nos próximos anos, indica o CNCS:
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