O mediatismo da Indústria 4.0 passou de palavras a investimento efetivo e a resultados reais nos dias de hoje. As empresas assumem claramente que esperam ter aumentos significativos nos seus portfólios a nível de produtos e serviços digitais. Em Portugal, 86% das empresas espera nos próximos cinco anos ver os seus processos, das cadeias de valor horizontal e vertical, altamente digitalizados. Os planos de investimento são extremamente ambiciosos nesta área, com boas perspetivas de rendibilidade e boas expetativas de redução de custos ao nível operacional. As empresas pioneiras têm como expectativa, nos próximos cinco anos, desenvolver modelos de negócio vencedores através de produtos e serviços digitais.
A Indústria 4.0 permite obter ganhos na receita, nos custos e na eficiência. As empresas que implementarem, de forma bem-sucedida, as iniciativas nova revolução industrial conseguem ter uma maior capacidade de foco e melhoria nos processos da sua empresa, não estando apenas focadas numa só fase dos mesmos. 57% das empresas nacionais do setor esperam um aumento médio da sua receita digital até 10%, 55% têm como expectativa uma redução de custos acima dos 10% e cerca de 70% esperam obter ganhos de eficiência acima dos 10%. As empresas pioneiras, que já contam com níveis de investimento significativo e com níveis de digitalização avançados, contam ter resultados ainda mais favoráveis.
A Indústria 4.0 veio aumentar significativamente as oportunidades de reter e aumentar a relação com os clientes, tornando a disputa por estes ainda mais intensa. Os clientes estão no centro das alterações nas cadeias de valor, nos produtos e nos serviços. 67% das empresas entrevistadas esperam utilizar a análise do Big Data para melhorar a sua relação com os consumidores, entenderem melhor as suas necessidades e, por fim, satisfazerem-nas. As empresas industriais necessitam de ter o ownership da relação com o seu consumidor final, que é quem decide sobre a procura, ou então, fazerem parte de plataformas que lhes permitam aceder ao cliente final de uma forma mais eficiente.
O grande desafio não está na implementação das tecnologias mais adequadas, mas sim na transformação cultural da empresa e na atual falta de competências para lidar com esta mudança. As empresas têm agora a necessidade de desenvolver uma sólida cultura digital e garantir que o exemplo vem do topo. É também obrigatório que consigam atrair, reter e formar recursos da próxima geração (os chamados nativos digitais) ou outros, que se sintam confortáveis a trabalhar num ecossistema cada vez mais dinâmico de acordo com o Global CEO Survey da PwC, a dificuldade em obter as competências essenciais para o setor tem sido um indicador que tem vindo a aumentar desde 2013 (53%) até 2016 (76%). Este é um dos desafios para o setor industrial.
Os dados são um elemento fundamental para a Indústria 4.0 e uma competente análise dos mesmos é um pré-requisito para uma implementação digital de sucesso. À medida que os ecossistemas digitais se expandem, também a necessidade de estabelecer fortes níveis de confiança digitais aumenta, suportada na transparência e integridade dos dados. Adicionalmente, as competências de gestão de risco e de proteção de dados evitam imprevistos criando um valor acrescido à operacionalização dos sistemas. Mais de dois terços das empresas portuguesas têm como preocupação a possível extração ou modificação de dados não autorizada e pouco mais de metade refere a responsabilização para quando são perdidos algum tipo de dados.
A atual maturidade digital das empresas industriais, em matéria de análise de dados, é ainda reduzida e apenas 7% das empresas em Portugal referiu estar num nível de maturidade elevado. As empresas do setor industrial vão ter de desenvolver sólidas estruturas organizacionais de suporte à análise de dados para toda a empresa. Globalmente, cerca de 50% das empresas tem um departamento específico de análise de dados (ou a análise de dados está incorporada em outras funções); este valor é de 54% nas empresas portuguesas. No entanto, tanto globalmente como em Portugal, existe ainda uma elevada percentagem de empresas onde as competências de análise de dados se suportam nas competências de num único empregado.
A informação é a base da quarta revolução industrial. A Indústria 4.0 deverá permitir a criação de redes digitais e ecossistemas que, em muitos casos, irão ter impactos à escala global, podendo ser distintos em cada região, mas que promovem a globalização. Tanto os mercados desenvolvidos, como os em desenvolvimento, deverão beneficiar com esta globalização. Com elevados investimentos em tecnologias e em formação, as empresas veem a sua transformação digital em termos de ganhos de eficiência operacional, redução de custos e níveis de qualidade mais rigorosos. Os resultados do nosso estudo mostram que as economias desenvolvidas se podem destacar, pelo menos no curto prazo, na Indústria 4.0, já que estão mais alinhadas com as melhorias ao nível das operações digitais para ganhar eficiência.
Os investimentos na Indústria 4.0 são consideravelmente avultados. Os resultados globais do nosso estudo sugerem que as empresas industriais deverão investir cerca de 907 mil milhões de dólares, por ano, até 2020. O maior foco deste investimento deverá ser em tecnologias digitais, bem como em software e aplicações. Adicionalmente, as empresas estão também a investir na formação dos seus colaboradores e em conseguir efetivar um processo de mudança cultural e organizacional. Globalmente, mais de metade das empresas (55%) esperam que os investimentos na Indústria 4.0 possam ter retorno em 2 anos ou menos, dado um investimento de cerca de 5% das receitas anuais. Em Portugal, 60% das empresas esperam obter um período de retorno até dois anos.