Um olhar sobre a Diversidade Geracional nas organizações

20/11/23

Atualmente, as organizações deparam-se com a coexistência de quatro diferentes gerações, o que se traduz em significativos desafios para a gestão e liderança das mesmas.

As quatro gerações – Baby Boomers, Geração X, Geração Y ou Millennials e Geração Z – representam diferentes forças e prioridades. Neste sentido, as empresas devem adaptar-se aos diferentes perfis, sabendo que este pode ser uma ação essencial para a sua sustentabilidade e sucesso a longo prazo. Segundo um estudo realizado pela PwC (PwC’s Global Workforce Hopes & Fears Survey 2023), 39% dos CEO e 30% dos colaboradores consideram que uma empresa que não se transforme em função das diferentes gerações, não existirá daqui a 10 anos.

Efetivamente, a chave para a eficiência das organizações deverá passar pela combinação das principais forças de cada geração, pelo que, é fundamental que as conheça em detalhe, e esteja a par das suas necessidades e expectativas. Sendo que a Diversidade Geracional se tornou um dos temas mais impactantes para as empresas, apresentamos-lhe em seguida as diferentes gerações que fazem parte, atualmente, do mercado de trabalho. Segundo o estudo, supracitado, desenvolvido pela PwC, coexistem nas empresas:

Os Baby Boomers, que nasceram entre 1946 e 1964, são marcados por valores como o otimismo, a orientação para a equipa e a capacidade de estabelecer bons relacionamentos. Apresentam como uma das principais forças a sua inteligência emocional, capaz de reunir as várias gerações e promover um maior foco humano nas organizações. Para além disso, a vasta experiência e conhecimento que detêm são valiosos para a tomada de decisões estratégicas e para o caminho organizacional.

A Geração X, nascida entre 1965 e 1980, é considerada uma das mais exigentes, já muito direcionada para os aspetos tecnológicos e para a vontade de desenvolver novas competências. Esta geração demonstra altos níveis de inteligência processual, o que beneficia a criação de processos e sistemas tecnológicos.

A Geração Y ou Millennials, nascidos entre 1981 e 1997, primam pelo forte potencial no contexto da Inteligência Artificial (IA), sendo uma geração digital e extremamente confortável com a tecnologia. Surgem num período de sofisticação tecnológica e mudanças económicas, focando-se muito no seu trabalho e na forma como este pode ser benéfico para a sociedade. Por norma, têm grandes conhecimentos acerca de produtos, soluções e negócios, o que possibilita uma maior eficiência na utilização da IA. 36% desta geração (participante do estudo) considera que a IA promove uma maior produtividade, e 31% acredita que esta permite o desenvolvimento de novas skills relevantes.

Com uma força semelhante e complementar, a mais recente geração a integrar o mercado de trabalho, a Geração Z, cujos indivíduos nasceram entre 1998 e 2012. É a primeira geração a nascer no mundo digital, sendo muito proativa, criativa, pragmática e com a capacidade de desempenhar diversas tarefas de forma simultânea. É perita em inteligência tecnológica, caracterizando-se como indivíduos ainda mais confortáveis com a tecnologia e social media do que a geração anterior.

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Porque é benéfica a Diversidade Geracional nas empresas?
Porque deve promover a Diversidade Geracional?

Efetivamente, o equilíbrio e recurso eficiente às diferentes forças de cada geração permitirá às organizações obter uma força de trabalho multidisciplinar, diversificada e capaz de se adaptar a diferentes desafios e mudanças. A combinação das experiências, conhecimentos e skills dos profissionais das várias gerações proporcionam às empresas uma riqueza que permite alcançar inúmeras vantagens competitivas. Por fim, o poder da diversidade, ao trazer diferentes perspetivas, permite uma melhor tomada de decisão por parte das organizações, pelo que é imperativo que se incentive e invista na comunicação, na partilha de conhecimento e na colaboração multigeracional das equipas.

“Num mundo em constante evolução, a integração geracional é uma vantagem competitiva. A diversidade de perspetivas e habilidades que as diferentes gerações levam para o local de trabalho é fundamental para a inovação e o crescimento sustentável.”

Satya Nadella,CEO da Microsoft (in Revista Exame)

Efetivamente, existem benefícios proporcionados pela diversidade geracional:

  1. Diversidade
    Diversidade de ideias, perspetivas, experiências e conhecimentos, que permitem enriquecer as equipas, projetos, estratégias e a própria cultura organizacional.
  2. Novas soluções e novas formas de trabalho mais versáteis
    Soluções adaptadas às necessidades do mercado, que são originadas pela combinação e cruzamento da diversidade mencionada acima.
  3. Progressão individual
    Progressão dos colaboradores, a partir da troca de conhecimentos que é feita entre as gerações, através da contribuição entre equipas.
  4. Cultura organizacional inclusiva
    Uma organização disponível e aberta às diferentes gerações é vista como uma organização mais inclusiva, capaz de se adaptar.
  5. Modelos e representação de diferentes gerações
    Os diferentes modelos podem inspirar potenciais líderes a destacarem e abordarem de forma mais efetiva questões específicas de cada grupo.
  6. Assegurar a continuidade do negócio
    A diversidade geracional pode garantir uma transição suave e assegurar a continuidade de negócio (manter o conhecimento dentro da organização).
  7. Tomada de decisão mais eficaz
    A tomada de decisão pode ser mais eficaz, uma vez que permite combinar diversas perspetivas, know-how e habilidades.

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Quais são os principais desafios que as organizações enfrentam?

Alguns dos principais desafios com que as organizações se deparam no âmbito da Diversidade Geracional são:

  • Comunicação – o desafio comunicacional verifica-se, por um lado, na forma como a organização comunica com os colaboradores das diferentes gerações e, por outro lado, na forma como as diferentes gerações comunicam entre si. As diferenças que as caracterizam fazem com que tenham diferentes formas e abordagens de comunicação, diferentes referências culturais, experiências pessoais e perspetivas. A solução para este desafio poderá passar pelo desenvolvimento e implementação de ações e iniciativas de formação em comunicação, que prevejam o desenvolvimento de skills de comunicação que ajudem os diferentes colaboradores a conseguirem comunicar mais eficazmente entre si.
  • Passagem de conhecimento – as novas gerações que integram as organizações deparam-se com alguma falta de experiência e conhecimento que os colaboradores mais antigos têm de sobra. Como tal, nem sempre é fácil equilibrar as duas partes e realizar previamente esta gestão poderá facilitar este processo. Isto é, desenvolver metodologias que garantam a passagem de conhecimentos atempada e estratégica, bem como promover a criação de equipas multigeracionais. Adicionalmente, também se torna fundamental ter um plano de sucessões devidamente estruturado, para não correr o risco de perder competências organizacionais determinantes para o negócio.
  • Combinação e aproveitamento de diferentes skills – as várias gerações caracterizam-se pela forte presença de determinadas skills e particularidades específicas, o que muitas vezes pode ser difícil de gerir e equilibrar em termos de gestão de organização e de equipas. Desta forma, a adoção de sistemas de mentoring pode representar uma solução benéfica para os colaboradores de todas as gerações. Desta forma, os diferentes colaboradores, independentemente da sua antiguidade e geração, podem apoiar-se mutuamente em contextos nos quais necessitem de mentoria.

Que consequências podem advir se não gerirmos estes desafios?

- Baixa produtividade.
- Clima organizacional negativo.
- Dificuldade na passagem de conhecimento.
- Falta de inovação e adaptação.
- Escassez de aprendizagens e de desenvolvimento.
- Menor rentabilidade ao nível do negócio.

O que atrai e retém as diversas gerações?

De acordo com alguns estudos, a Geração Baby Boomer (1946 – 1964) é marcada por dar grande importância à segurança profissional, assim como ao reconhecimento e valorização do seu trabalho. Adicionalmente, dá também bastante valor aos títulos e hierarquias, assim como à estabilidade financeira, que os leva a trabalhar tantos anos na mesma empresa. Uma cultura organizacional sólida e com valores alinhados aos seus também é fundamental para esta geração, assim como a conciliação entre a esfera profissional e pessoal.

Um dos aspetos que mais os atraem a Geração X (1965 – 1980) no local de trabalho são as oportunidades de desenvolvimento e crescimento, uma vez que, para estes, a maior recompensa é o crescimento e autonomia. Querem ser produtivos no local no trabalho e sentem-se insatisfeitos quando isso não acontece, demonstrando uma forte necessidade de investirem em si próprios e não tanto na organização onde trabalham. Outros dos aspetos valorizados por esta geração são a estabilidade financeira, a flexibilidade de horários e também o equilíbrio entre a esfera profissional e pessoal.

A Geração Y ou Millennials (1981 – 1997) dá muita importância ao reconhecimento, ao feedback, ao desenvolvimento de carreira e também à flexibilidade de poderem trabalhar em diversos sítios (teletrabalho). Esta geração dá uma elevada importância à vida fora do local de trabalho, pelo que a conciliação da esfera profissional e pessoal é muito importante. No local de trabalho, esta geração é muito focada no sucesso e apresenta expetactivas mais elevadas do que as restantes gerações, dando importância a tarefas que estimulem a sua criatividade.

A Geração Z (1998 – 2012) é uma geração que não procura apenas estabilidade financeira ou status social. Por norma, esta geração preocupa-se em encontrar um trabalho alinhado com os seus objetivos e valores pessoais. É uma geração mais propensa a procurar novos empregos e não está disposta a comprometer as suas ambições de carreira ao aceitar um modelo de trabalho que não corresponda às suas expectativas. Para esta geração, os aspetos que tornam uma empresa mais atrativa são a flexibilidade (horários flexíveis, possibilidades de trabalho remoto), progressão na carreira, conciliação entre a esfera pessoal e profissional e possibilidades de aprendizagem. Adicionalmente, esta geração apresenta uma preocupação crescente com aspetos relacionados com a saúde mental, o bem-estar e o ambiente, pelo que acabam por privilegiar empresas que apresentem este tipo de preocupações e que atuem nestes âmbitos.

Que mudanças trazem as novas gerações?

No contexto atual, as empresas têm vindo a adaptar-se às mudanças emergentes nas forças de trabalho. Com muitos Baby Boomers a reformar-se ou já perto da idade da reforma, os Millennials e a Geração Z começam a ser uma percentagem cada vez mais significativa da força de trabalho, ainda que os seus valores e interesses sejam muito diferentes das gerações anteriores.

De acordo com o PwC’s Global Workforce Hopes & Fears Survey 2022, a distinção crucial entre as novas gerações e os Baby Boomers prende-se com o facto de serem mais expressivos com as suas exigências, pelo que têm uma maior tendência em exigir aumentos, promoções e até mesmo trocar de trabalho. Atualmente, estas novas gerações, cujas prioridades se focam sobretudo na formação, desenvolvimento, flexibilidade, autonomia e transparência, representam um grande desafio ao nível da atração e retenção, mas são vistos como importantes recursos no que diz respeito às competências que agregam, nomeadamente inovação e criatividade.

Cada vez mais, é notável que os trabalhadores mais jovens apresentam maiores preocupações com o desenvolvimento de competências e de carreira, pelo que o estudo da PwC revela também que 1/4 dos trabalhadores da Geração Z e da Geração Millennials dizem que estão extremamente ou muito preocupados com a possibilidade de serem negligenciados nas oportunidades de desenvolvimento, em comparação com apenas 11% dos gerações anteriores. Esta preocupação, no entanto, também pode ser explicada pelo facto de os Baby Boomers já apresentarem um plano de carreira mais sólido e estarem mais próximos do fim da carreira.

Adicionalmente, dada a passagem de um trabalho que era totalmente desempenhado presencialmente para um trabalho maioritariamente desenvolvido online, a verdade é que estas gerações irão precisar de mais orientação profissional, destacando-se a importância do coaching e do mentoring, que são práticas cada vez mais relevantes no contexto organizacional, permitindo não só uma cultura de aprendizagem mais enriquecedora, como também dar voz aos trabalhadores mais jovens e potenciar uma maior aproximação entre estes e os seus colegas.

Outro aspeto de grande relevância é o facto de as novas gerações darem uma grande importância à flexibilidade, pelo que já não apresentam disponibilidade para trabalhar horas excessivas, considerando o valor que dão à conciliação entre a esfera profissional e pessoal. Por fim, é cada vez mais evidente a importância que dão a questões como a saúde mental e o bem-estar, igualdade de género, diversidade, equidade e inclusão.

Em última análise, a forma como as empresas se relacionam com a Geração Millennials e com a Geração Z estará muito dependente da forma como reconhecem os seus pontos fortes e conseguem potenciar os mesmos, pois sendo uma geração altamente ligada às tecnologias, curiosa e cada vez mais interessadas em adquirir conhecimento, torna-se uma grande oportunidade para as empresas. Assim, ao reconhecer o valor que cada geração pode agregar ao negócio, as organizações podem tornar-se locais de trabalho mais fortes, bem-sucedidos e inclusivos.
 


Catarina Mateus Teles, Workforce Consultant da PwC Portugal
Catarina Mateus Teles
Workforce Consultant
PwC Portugal
Encontra-se na PwC desde 2022 e tem vindo a integrar diversos projetos em diferentes áreas de Recursos Humanos, bem como em diferentes geografias, tais como Portugal e Angola. Dos projetos integrados, são de destacar os projetos de elaboração de descritivos funcionais, qualificadores ocupacionais, estudos de clima organizacional, relatórios de Due Dilligence, modelos de gestão de carreiras e sucessões e Change Management. A relação com diferentes clientes, diferentes setores e culturas permitem a fácil adaptação e o à vontade com os diferentes desafios.
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Mestrado em Gestão de Recursos Humanos pela Lisbon School of Economics and Management.
Licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial pela Escola Superior de Comunicação Social.
Beatriz Pereira Barroso, Workforce Consultant da PwC Portugal
Beatriz Pereira Barroso
Workforce Consultant
PwC Portugal
Entrou na PwC em 2021 e, enquanto consultora, tem participado na concepção e implementação de vários projetos de Gestão de Recursos Humanos em vários territórios, nomeadamente Portugal, Angola e Cabo Verde.
Da experiência profissional adquirida ao longo do seu percurso na PwC, destaca-se a sua participação na elaboração de diagnósticos organizacionais, descritivos funcionais e modelos de competências, qualificadores ocupacionais, estudos de clima organizacional, benchmark retributivo, manual de acolhimento, modelo de gestão de carreiras e sucessões e programas de formação.
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Mestrado em Gestão de Recursos Humanos pela Lisbon School of Economics and Management.
Licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial pela Escola Superior de Comunicação Social.
 


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