HR for Business – 5.ª Edição

Gestão de Pessoas: tendências e desafios de People Analytics

HR for Business – Dados ao serviço da Gestão de Pessoas: Tendências e desafios de People Analytics
  • Fevereiro 27, 2025

Num cenário de constante transformação e competitividade, as organizações precisam não só de reter talentos, mas também de otimizar continuamente as suas práticas de gestão de recursos humanos.

O People Analytics permite a tomada de decisão baseada em dados concretos, proporcionando uma abordagem mais estratégica e personalizada. Ao integrar diversas informações sobre os colaboradores, as organizações podem criar ambientes de trabalho mais produtivos e alinhados com os seus objetivos.

Hanifa Hassangy
Especialista em RH
Absa Bank – Moçambique

Na 5.ª edição da “HR for Business”, dedicada a People Analytics, a equipa de especialistas da PwC entrevista Hanifa Hassangy.

Compreenda o cenário de implementação de People Analytics em Moçambique através desta nossa entrevista a Hanifa Hassangy, Diretora de Capital Humano no Absa Bank Moçambique e com vasta experiência em RH. Saiba tudo sobre o impacto do People Analytics nos processos de recrutamento, seleção, diversidade e inclusão, e engagement dos colaboradores.
Apresentamos-lhe a nossa convidada:
 

Hanifa Hassangy trabalha atualmente no setor bancário, no Absa Bank Moçambique, onde atua há pouco mais de oito anos como Diretora de Capital Humano, membro do Comitê de Gestão do País e membro permanente do Conselho de Administração do Fundo de Gestão de Pensões. Com uma carreira consolidada de mais de 25 anos na área de RH, a sua trajetória profissional iniciou-se em 1998. Passou mais de sete anos pela indústria de Alimentos e Bebidas, na Cervejas de Moçambique S.A.R.L., tendo ingressado posteriormente no setor de Telecomunicações, na Vodacom e, mais tarde, no setor da indústria do Tabaco, como Diretora de RH na British American Tobacco (BAT).
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Licenciada em Psicologia Organizacional pela Universidade Politécnica.
Completou o Programa de Liderança e Desenvolvimento do Gordon Institute of Business Science (GIBS), na África do Sul.
Graduada pelo Programa de Desenvolvimento de Liderança Acelerada AMPLIFY, promovido pela IMD.


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1. O que despertou o seu interesse em explorar a vertente de análise de dados no contexto de Recursos Humanos? Quais as principais oportunidades que identifica?

“Numa sociedade cada vez mais digitalizada, em constante mudança e marcada por volatilidade e incertezas sem precedentes, a capacidade de tomar decisões baseadas em dados tornou-se vital para o sucesso das organizações. Diversos setores, como a banca, já investem significativamente em análise de dados para compreender o comportamento e as preferências dos clientes, gerir perfis de risco e prevenir fraudes.

Como profissional de Recursos Humanos, sempre me questionei: como podemos utilizar a análise de dados para compreender e tomar decisões estratégicas sobre um dos mais importantes parceiros das organizações — os seus colaboradores? Durante a minha trajetória profissional, percebi que grande parte das decisões em processos de RH eram baseadas em experiência passada e intuição, sem o suporte de dados concretos. No entanto, os colaboradores, hoje, representam muito mais do que um simples fator de produção a ser gerido conforme as exigências de lucro. São parceiros estratégicos, cuja complexidade e singularidade – características de cada ser humano e grupo social – devem ser analisadas, compreendidas e valorizadas.

A integração do People Analytics  ou seja, a recolha e análise de dados para a tomada de decisões informadas relativamente à força de trabalho – oferece uma oportunidade única para navegar esta complexidade. Através do People Analytics, conseguimos transformar dados em insights acionáveis, com impacto direto tanto na experiência do colaborador como nos resultados do negócio.

Este processo envolve o uso de sistemas de gestão de informação, ferramentas de visualização e análise de dados que nos permitem otimizar os processos ao longo do ciclo de vida do colaborador, desde o recrutamento até à retenção, passando pela gestão da remuneração e benefícios, avaliação de desempenho, promoções e outros aspetos cruciais da gestão do capital humano.”

A relação entre a aprendizagem contínua e a aplicação estratégica do People Analytics – tem o potencial de transformar a forma como trabalhamos e inovamos. A combinação destas duas forças não só impulsiona a evolução das competências individuais, mas também posiciona as organizações como verdadeiros centros de inovação e excelência.

Hanifa Hassangy,Especialista em RH, Absa Bank – Moçambique

2. Quais são os maiores desafios que as empresas enfrentam para implementar iniciativas de People Analytics em Moçambique?

“No que toca à implementação de People Analytics, identifico três principais desafios em Moçambique:

1. Disponibilidade de infraestrutura tecnológica e qualidade
dos dados

Muitas empresas carecem de sistemas robustos capazes de recolher, armazenar e analisar dados de forma eficiente. Mesmo aquelas que já ultrapassaram a barreira tecnológica deparam-se frequentemente com o desafio da qualidade dos dados, um elemento crucial para garantir decisões precisas. Dados inconsistentes ou incompletos podem comprometer todo o processo de análise e as iniciativas estratégicas que dele derivam.

2. Barreira cultural

Existe ainda uma resistência significativa por parte das lideranças de topo mais conservadoras, bem como das lideranças intermédias, em adotar uma abordagem de gestão de talentos orientada por dados. Persiste alguma relutância por parte dos tomadores de decisão em confiar exclusivamente em dados e algoritmos como critério para a tomada de decisões, preferindo frequentemente fontes menos cientificamente fundamentadas ou baseadas em experiências pessoais. Esta resistência cultural atrasa a plena integração do People Analytics como ferramenta estratégica e limita o seu impacto.

3. Ética e privacidade

Garantir que a análise de dados respeite a privacidade dos colaboradores é um fator crítico e, muitas vezes, subvalorizado. É essencial assegurar que estas práticas estejam totalmente alinhadas com os regulamentos em vigor e que exista uma abordagem ética no tratamento das informações pessoais.”

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3. Pode dar exemplos de como os dados já são usados para tomar decisões em RH na sua organização?

No Absa Bank Moçambique, os dados têm sido utilizados de forma estratégica em diversas iniciativas de Recursos Humanos, tanto ao nível do 'Recrutamento e seleção', 'Diversidade e inclusão' e 'Engagement dos colaboradores'. Partilho com os leitores da “HR for Business”, o que fizemos em particular em cada uma destas áreas e no âmbito de People Analytics:

Muitas empresas carecem de sistemas robustos capazes de recolher, armazenar e analisar dados de forma eficiente. Mesmo aquelas que já ultrapassaram a barreira tecnológica deparam-se frequentemente com o desafio da qualidade dos dados, um elemento crucial para garantir decisões precisas. Dados inconsistentes ou incompletos podem comprometer todo o processo de análise e as iniciativas estratégicas que dele derivam.

Monitorizamos métricas de diversidade e inclusão, incluindo dados demográficos e a composição da força de trabalho, assegurando que as nossas políticas estão alinhadas com os objetivos organizacionais e com o compromisso de responsabilidade social.

Utilizamos o People Analytics para monitorizar o nível de engagement, através de pesquisas regulares sobre a experiência do colaborador, recolhendo perceções sobre diferentes aspetos do clima organizacional. Em 2024, na sua 5.ª edição, aprimorámos a metodologia da pesquisa, introduzindo perguntas mais ajustadas à dinâmica do ambiente de trabalho atual e assegurando que os resultados sejam comparáveis com os de outras instituições em África e fora do continente.

Embora o People Analytics esteja ainda em fase de maturação, temos explorado as suas tendências com um foco claro numa gestão de talentos centrada nas pessoas. O avanço da inteligência artificial torna o People Analytics uma ferramenta cada vez mais acessível e indispensável para a construção de estratégias organizacionais sólidas e eficazes.

4. Se fosse uma super-herói no mundo das Organizações, qual seria o seu poder especial para lidar com os desafios inerentes ao People Analytics?

Se eu fosse uma super-heroína, o meu poder especial seria a “Visão Analítica 360.°”, uma habilidade que me permitiria desvendar os padrões ocultos nos dados e compreender a natureza humana complexa e multifacetada para além dos números e estatísticas. Com esta capacidade, conseguiria:

  • Superar os desafios relacionados com a falta de dados estruturados, que muitas vezes dificultam o processo de análise.
  • Minimizar vieses (bias), garantindo decisões mais objetivas e precisas.
  • Antecipar tendências, proporcionando um processo de tomada de decisão baseado em dados (data-driven decision-making) mais eficiente e estratégico.

Acredito que este poder seria uma grande valência na integração do People Analytics, reforçando o equilíbrio entre a ciência dos dados e a gestão centrada nas pessoas, garantindo que os colaboradores permanecem no centro das decisões organizacionais.

 

5. Para encerrar, que mensagem gostaria de deixar para os leitores, gestores, profissionais de Recursos Humanos e para as organizações que estão a iniciar ou a consolidar a sua jornada com People Analytics?

Vivemos numa era em que o conhecimento e a informação estão mais acessíveis do que nunca. Desenvolver a capacidade de aprender de forma autónoma, de ser autodidata, é essencial para acompanhar as transformações do mundo moderno. Em paralelo, a utilização de People Analytics destaca-se como uma ferramenta poderosa para compreender, gerir e potenciar o valor humano nas organizações.

A combinação destas duas forças – a aprendizagem contínua e a aplicação estratégica do People Analytics – tem o potencial de transformar a forma como trabalhamos e inovamos. Ao promover uma cultura autodidata e integrar dados que orientem decisões sobre o capital humano, as organizações criam um ecossistema dinâmico, onde o crescimento individual e organizacional se tornam complementares.

Incutir a importância de aprender continuamente e de forma autónoma, enquanto se exploram as valências do People Analytics, não só impulsiona a evolução das competências individuais, mas também posiciona as organizações como verdadeiros centros de inovação e excelência.

  

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