Menos de metade das empresas portuguesas estão confiantes no cumprimento da Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD), ao abrigo da nova legislação da União Europeia já em vigor.
A conclusão é da primeira edição do Global CSRD Survey 2024, publicado pela PwC: foram inquiridos mais de 500 executivos e líderes em 38 países, incluindo 32 empresas em Portugal.
A nova diretiva exige que as empresas recolham, processem e publiquem uma enorme quantidade de dados e informações: isto exigirá a implementação de novos sistemas, processos e uma estrutura de governação capaz de responder aos novos desafios. As regras vão abranger mais de 50 mil empresas a nível europeu.
Relativamente ao cumprimento da diretiva, as empresas portuguesas demonstram níveis de confiança inferiores aos resultados globais (41% Portugal e 63% global). Por outro lado, 44% dos inquiridos em Portugal referiram que a sustentabilidade já era um fator central na estratégia das suas empresas antes da diretiva, uma garantia que só é dada por 20% de todas as empresas inquiridas.
Ao contrário do que se verifica a nível global, o principal obstáculo apontado pelas empresas portuguesas é a complexidade da cadeia de valor (67% Portugal e 57 global), seguido do cumprimento dos prazos e da falta de infraestruturas informáticas para recolher a informação e fazer o reporte, fatores apontados por metade das empresas nacionais.
De destacar que a disponibilidade/qualidade dos dados é referida como o segundo obstáculo globalmente, a que se seguem a falta de recursos humanos, os custos e as competências da equipa.
Apesar destes obstáculos, as empresas em Portugal reconhecem os benefícios da Diretiva CSRD, incluindo a mitigação dos riscos (69% Portugal e 48% global) e um modelo de governo interno mais eficaz (63% Portugal e 40% global). Mais de metade das empresas portuguesas acreditam que a aposta na sustentabilidade lhes traz vantagens competitivas face à concorrência. A melhoria da performance ambiental é o principal benefício.
“Os resultados obtidos em Portugal mostram que as empresas estão conscientes da importância da sustentabilidade e da Diretiva CSRD. Precisam de mais informação e meios para cumprir todas as exigências regulatórias, mas este passo importante para uma economia mais sustentável e resiliente. Através da implementação da Diretiva CSRD, os gestores esperam mais benefícios ambientais, melhor mitigação dos riscos e maior visibilidade junto dos seus stakeholders. As empresas que se adiantarem deverão colher maiores benefícios, como o acesso a capital, crescimento das receitas e poupança de custos, mantendo ou mesmo aumentando a visibilidade da sua marca.”
Cláudia Coelho,Sustainability and Climate Change Partner, PwC portugal76% dos inquiridos em Portugal acreditam que a sua empresa poderá vir a sofrer algum impacto negativo na reputação e marca, caso não esteja em conformidade com a diretiva, e 69% consideram que poderá enfrentar processos legais ou ter de pagar coimas. Em Portugal, ainda aguardamos a transposição da Diretiva para que possamos conhecer o quadro legal em relativo a coimas e penalizações.
Tendo em conta a complexidade e exigência processual da Diretiva CSRD, é fundamental que as empresas tenham parceiros externos especializados para os acompanhar nesta fase de implementação e, posteriormente, na auditoria e verificação da conformidade dos requisitos.
Segundo os resultados, apenas 59% das empresas nacionais já entraram em contacto com um auditor que forneça garantias sobre os seus relatórios de sustentabilidade. Esta percentagem é, no entanto, consideravelmente inferior à registada a nível global: 81% já recorreram a uma empresa especializada para lhes dar apoio na implementação da diretiva.
De acordo com Nadja Picard, Global Reporting Leader, da PwC Alemanha:
“A maioria das empresas está a confrontar-se com desafios complexos, sobretudo no que diz respeito à quantidade e qualidade da informação requisitada – não apenas nas operações internas, mas também ao longo da cadeia de valor.
Como a Diretiva CSRD exige um reporte de sustentabilidade ao mesmo nível que o reporte financeiro, as lideranças das empresas estão a reconhecer que a informação sobre sustentabilidade tem de estar disponível, correta e pronta para ser auditada: não apenas uma vez, mas anualmente.”
Conheça os resultados da primeira edição do Global CSRD Survey 2024, publicada pela PwC. Saiba tudo sobre a realidade portuguesa.
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